Como nossa vida fica depois da pandemia?


O que vai mudar na nossa vida? Já são quatro meses desde que a pandemia do novo coronavírus começou oficialmente. E, ainda que não dê para prever o futuro, há quem busque descobrir um pouco de como o mundo vai mudar depois do Covid-19.

Analisamos alguns estudos que prevêem mudanças nos hábitos de compras, finanças e trabalho após o fim do isolamento social.

As previsões de um futuro pós-pandemia

Dinheiro físico x dinheiro digital. A Fjord, consultoria de design e inovação, apontou como tendência a mudança na forma como as pessoas realizarão  pagamentos. As cédulas devem dar lugar, cada vez mais, aos pagamentos com cartão. Também deve aumentar o uso da função por aproximação (contactless) e das carteiras digitais.

Trabalho de casa. Para algumas pessoas, esse período foi a primeira experiência com teletrabalho. Segundo uma pesquisa conduzida pela Fundação Dom Cabral e pela Grant Thornton Brasil, 54% dos funcionários entrevistados gostariam que o trabalho remoto continuasse após a pandemia.

Nesta entrevista, André Miceli (coordenador do MBA de Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas) estima um crescimento de 30% de adoção do home office para o futuro.

Desemprego a longo prazo. A previsão anterior pode dar a entender que muita gente teve a oportunidade de trabalhar remotamente, mas este não é o caso. São 11,2 milhões de desempregados no Brasil hoje. O Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou que o Brasil terá aumento de pobreza, desemprego e falência de empresas.

Nos países mais impactados pelos efeitos econômicos, a expectativa é de criação de novos empregos e incentivos dos governos para ajudar aqueles que ficaram mais vulneráveis.

Compras online e menos frequentes. Dados da NZN Intelligence mostram que 82% dos consumidores brasileiros com acesso à internet já fizeram compras online pelo menos uma vez. Com as restrições de circulação, esse número só aumentou – em abril de 2020, o e-commerce brasileiro faturou mais de R$ 9 bilhões, 81% a mais que no mesmo período do ano passado.

Há uma expectativa de que essa tendência siga: no Reino Unido, por exemplo, uma pesquisa da EY analisou o aumento de "consumidores ansiosos". De acordo com os entrevistados:

  • 80% se sente desconfortável com a ideia de experimentar roupas em um trocador de loja mesmo depois do fim das restrições;
  • 45% afirma que vai adotar hábitos de compra alternativos nos próximos um ou dois anos;
  • 64% planeja concentrar as compras (em mercados, por exemplo) em quantidades maiores para fazer menos visitas às lojas.

Mesmos problemas, sob uma lupa. Finalmente, o Professor de Economia da Universidade de Oxford Daniel Susskind defende que a pandemia não revelou novos problemas, mas sim, acentuou desigualdades já existentes. Segundo ele:

"(...) O mais angustiante sobre essa crise é que ela não é nova em vários aspectos. Os efeitos do Covid-19 refletem as desigualdades econômicas que já existem – a diferença entre o valor do que fazem os trabalhadores essenciais e seus baixos salários vem do fracasso histórico do mercado em avaliar adequadamente o que é realmente importante."

Segundo Susskind, o mundo pós-pandemia vai enfrentar, portanto, um agravamento daquilo que já existe. Ele diz que a única maneira de a sociedade ter alguma mudança significativa é se decidirmos agir para resolver estes problemas de verdade.

Fonte: Blog Nubank