Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) recuou de 4,7 pontos de fevereiro a março para 123,5 pontos
A incerteza do mercado financeiro com a economia brasileira "dificilmente" vai atingir patamar confortável no curto prazo, nas palavras da economista Anna Carolina Gouvea, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ela fez a observação ao comentar sobre o recuo de 4,7 pontos no Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) de fevereiro a março, para 123,5 pontos, anunciado hoje pela fundação.
A imunização contra covid-19 foi a principal causa do recuo, informou ela. No entanto, mesmo com a retração, o indicador está bem acima da média histórica de 115 pontos, observada em cenário pré-pandemia. Mesmo que a continuidade da vacinação possa influenciar para baixo o indicador, outros fatores como dúvidas sobre Orçamento aprovado em 2021, piora da pandemia, podem inibir queda mais intensa do índice, nos próximos meses. "Não creio que o indicador vá voltar a níveis confortáveis no curto prazo. Dificilmente volte aos 110 pontos" resumiu ela.
Ao falar sobre o desempenho do indicador entre fevereiro e março, Anna pontuou que foi o componente Mídia que influenciou o recuo no índice. Isso porque, no noticiário da imprensa em março, foram frequentes as notícias de avanço da vacinação contra covid-19 no país. Assim, esse tópico Mídia caiu 7,7 pontos para 114,5 pontos. Já o de Expectativas subiu 8,9 pontos, para 149,4 pontos.
A especialista comenta, no entanto, que o componente de expectativas pode continuar a pressionar para cima o índice. Isso porque é preciso levar em conta outros fatores de influência, como dúvidas em relação ao orçamento aprovado pelo governo para 2021, e outras questões macroeconômicas e políticas além da pandemia, como teto de gastos e uma possível crise institucional, devido a embates entre Legislativo, Executivo e até mesmo Forças Armadas.
Na prática, observou ela, se a continuidade da imunização contra covid-19 ajuda em novas quedas no índice, a economia brasileira tem outras questões a serem observadas com cuidado, que transcendem a pandemia, que podem pressionar novamente o índice para cima. "O indicador de incerteza tem potencial de continuar a cair, por causa da vacinação" afirma. "Mesmo que ela opere de forma lenta, ela continua no país, e somente a vacinação nos dará a certeza que a economia possa voltar a algum tipo de normalidade", diz. "Mas esse recrudescimento da pandemia gera uma preocupação" diz, reiterando que outras questões fora do campo sanitário, na economia, também preocupam.
Por: Alessandra Saraiva | Fonte: Valor Investe