A lista inclui alimentos, eletrônicos, combustíveis e outros itens que impactam cada vez mais o bolso dos consumidores
A alta de preços atinge de forma persistente alguns dos produtos mais consumidos no Brasil: supera os 10% há mais de um ano.
O estudante Leonardo Fartura Santos comprou requeijão e queijo fatiado para o lanche dos amigos. Desde o início de 2021, esses dois derivados do leite vêm registrando aumentos acima de dois dígitos no período de 12 meses. O requeijão, por exemplo, aumentou 20%.
“Um absurdo, está crescendo muito. O piso salarial não aumenta. Não é fácil, não. A gente tem que comprar, mas a gente tira de um lado para tentar tapar o outro”, diz.
O mesmo fenômeno ocorre com o açúcar cristal, que já subiu 35% em 12 meses. Com a farinha de trigo, que teve aumento de 18%, e com o frango em pedaços, 21%.
Empreendedores como a Adriana Barros não conseguem se planejar. Sempre que vai às compras, a dona de lanchonete vê a margem de lucro diminuir.
“Às vezes o que você gasta para trabalhar numa semana você já não consegue comprar na outra semana, porque quando você volta já subiu o preço”, explica Adriana.
Quem frequenta o mercado sabe que muitos produtos vêm subindo de preço constantemente. E números do IBGE mostram que vários deles mantêm alta acumulada bem acima de 10% há mais de um ano. Nessa lista tem alimentos, eletrônicos, combustíveis e outros itens que vêm impactando cada vez mais o bolso dos consumidores.
“Eu estava fazendo salgadinho para vender e até parei, porque está brabo. Porque não dá nem mais para botar salgadinho. O óleo está muito caro. Está brabo”, conta a doméstica Monica Martins Nunes.
Segundo economistas, essa inflação persistente teve início na pandemia e deve se prolongar por causa da guerra na Ucrânia.
“O que poderia aliviar é o governo ter alguns estoques reguladores, colocar um pouco mais desses produtos no mercado para ter um alívio temporário de preço, mas isso é sempre temporário, porque no fim do dia o produtor vende o produto dele onde o preço tiver mais elevado, e, por isso, o mundo é que determina o preço desses bens hoje”, explica o economista Paulo Gala.
O óleo diesel aumentou 46% em 12 meses, e a gasolina, 27%. A energia passou a ter um efeito cascata e atingiu outros produtos. Tintas subiram 20%; revestimento de piso, 16%.
Num cenário cheio de incertezas, economistas afirmam que não dá para saber ainda quando essa inflação persistente vai começar a ceder.
“Quem comia carne moída agora tem que comer ovo. Aí o ovo vai ficando caro, e a gente vai para sardinha em lata. E assim a gente vai sentindo no prato o empobrecimento”, afirma a pedagoga Aline Lima.
Fonte: g1/Jornal Nacional
