A importância da gestão de projetos no cenário empresarial brasileiro é crescente. Os resultados da pesquisa realizada durante o 16º Seminário Nacional de Gestão de Projetos, nos dias 16 e 17 de julho, apontaram que as empresas entendem a gestão de projetos como essencial para o sucesso dos negócios. A pesquisa apresenta o perfil dos profissionais da área e os reflexos do novo cenário para a gestão de projetos. Participaram do estudo 193 profissionais de 94 empresas, dos estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Pará e Goiás.
Entre os benefícios obtidos com o gerenciamento de projetos dentro das empresas, 61% dos entrevistados consideraram o maior comprometimento com objetivos e resultados. Além disso, 50% consideram a melhoria da qualidade nos resultados dos projetos e 41% indicaram que o gerenciamento de projetos minimiza os riscos em projetos.
O gerente de portfólio da Belo Horizonte Sistemas (BHS), Alessandro Almeida de Oliveira, afirma que não consegue imaginar a área de Tecnologia da Informação sem as técnicas de gerenciamento de projetos: “Hoje eu não vejo a área de TI sem a gestão de projetos. Por exemplo, na minha empresa, trabalhamos tanto nas áreas de desenvolvimento como de consultoria. Eu não vejo nenhuma das duas áreas funcionando sem ter uma gestão de projetos por trás disso. Então, a figura desse gestor de projetos é fundamental na condução dos projetos que a empresa trabalha.”
De acordo com João Carlos Boyadjian, coordenador técnico do MBA de Gestão de Projetos do Ietec, o gerenciamento de projetos veio para ficar, e a tendência é de crescimento, pois à medida que o Brasil cresce, a necessidade de desenvolver projetos também aumenta. E isso ocorre em diversos setores da economia, como a área médica e de segurança. Áreas que, segundo Boyadjian, são de extrema importância para o Brasil.
O índice das empresas que utilizam métodos para priorizar projetos apresentou aumento em relação à pesquisa realizada no ano anterior: Em 2012, 71% das empresas utilizavam; em 2013, esse número subiu para 80%. Entre os métodos mais utilizados, o alinhamento estratégico ficou em primeiro lugar, utilizado em 59% das empresas, e o retorno de investimento vem em seguida, com 44%.
Adriano Torres de Lima Arantes, engenheiro orçamentista na MIP engenharia, destaca a importância da gestão de projetos para as empresas: “A gestão de projetos é a ´salvação da lavoura`. Nós temos grandes perdas na construção em geral no Brasil, cerca de 20 a 25%, e acreditamos que a gestão de projetos vem para consertar isso: problemas de atraso, problemas de cronograma, de escopo, e está tudo detalhado na metodologia do PMI. É algo que faz parte do presente e do futuro também.
Wesley de Almeida Júnior, coordenador de planejamento da COMAU do Brasil, vê a gestão de projetos como uma forma de integrar todas as áreas da organização adequadamente. “Hoje as empresas se conscientizaram que elas perdem muito dinheiro por falta de aplicação de um sistema coerente de informações e na execução de projetos. A gente vê que pelo mundo estar cada vez mais conectado, uma empresa mal gerida no que diz respeito a projeto acaba impactando o resultado de uma que é bem gerida. Então a disseminação do conhecimento hoje ajuda demais a melhorar o desempenho de várias companhias, inclusive as que não estão diretamente ligadas a projetos.“ Mas acrescenta que hoje ainda existem muitas informações soltas, sem uma integração correta.
Liderança e Comunicação: Habilidades essenciais para um bom gestor de projetos
Além das capacidades técnicas, um gestor de projetos precisa, principalmente, de duas outras: Liderança e Comunicação. Essas foram as habilidades mais valorizadas pelas organizações no gerenciamento de projetos. Liderança foi citada pelos participantes como a mais importante (77%) e comunicação ficou em segundo lugar (74%). Em terceiro, a capacidade de integrar as partes (48%) o que, de certa forma, é uma extensão das anteriores.
Para o coordenador técnico de Gestão de Projetos do Ietec, Ivo Michalick, as competências comportamentais que um profissional de gerenciamento de projetos deve ter são muitas, mas as mais importantes são: liderança, negociação, resolução de conflitos, comunicação, poder de decisão e influência. Tendo uma boa capacitação em todas essas, ele estará preparado para enfrentar esse mundo difícil e corporativo dos projetos.
De acordo com Paulo Emílio Vaz, Diretor de Soluções Corporativas do Ietec, as equipes de gerenciamento de projetos ainda precisam de qualificação, tanto no aspecto comportamental quanto técnico. E que o despreparo da gerência é, muitas vezes, a causa para projetos com resultados pouco eficazes. Segundo ele: “O gerente conduz o relacionamento entre a equipe, portanto é necessário que ele seja um bom negociador, que tenha uma boa comunicação”
Paulo Emílio afirma que há uma tendência entre os gestores brasileiros de partir logo para a execução antes do planejamento, e que isso se reflete em problemas posteriores. “É necessário discutir o escopo antes de iniciar um projeto, pois os riscos aumentam consideravelmente caso a definição do escopo seja deficitária.” Outro ponto ressaltado por ele foi a dificuldade que os gestores têm em controlar o projeto, durante toda sua duração: “geralmente esse controle acontece apenas no final do processo, e isso deveria ser feito ao longo dele.”
A importância das chamadas soft skills, competências de relações interpessoais, aparece em outro índice da pesquisa, que mediu as habilidades que as organizações consideram mais deficientes nos profissionais de gestão de projetos: gerenciamento de conflitos ficou em primeiro (62%) seguido da comunicação (57%).
Os resultados confirmam que é necessário investir na capacitação dos profissionais para além do conhecimento técnico, visto que um gerenciador de projetos tem que lidar com pessoas e interesses diversos o tempo todo. O sucesso de um projeto depende muito de como os envolvidos conseguem se relacionar entre si e mais ainda, como o gestor consegue estabelecer esse convívio de forma que empresa, clientes e equipes de projetos obtenham resultados satisfatórios.
Por: Ana Carolina Pacheco | Fonte: techoje