“Ninguém precisa ser sua melhor versão sempre”

Marcel Izar, Médico do Trabalho, fala sobre a importância de cuidar da saúde mental durante o período da quarentena


As medidas para conter a propagação do novo coronavírus mudaram totalmente a rotina de muita gente, deixando os sentimentos à flor da pele. Mas calma! Respira fundo! Nesse momento tentar manter as emoções sob controle é fundamental, afinal elas são grande parte da nossa saúde.

Saúde mental: como ela afeta o dia a dia

A saúde mental (ou emocional) interfere no nosso bem estar, afeta o humor, influencia a nossa produtividade e nossa capacidade cognitiva (intelectual). Não à toa, de acordo com dados da própria Organização Mundial de Saúde (OMS), fatores emocionais são um dos principais motivos de adoecimento no mundo.

Nesse período de quarentena e distanciamento social, a saúde emocional pode ficar ainda mais abalada. Alguns já comparam, inclusive, as circunstâncias que estamos vivendo com  condição de luto. Passamos a lidar com o sentimento de perda não apenas de amigos e familiares que foram afetados diretamente pelo novo coronavírus mas também o luto pela liberdade cerceada e pelas mudanças que vivemos. Sem falar do medo e todos aqueles questionamentos envolvidos nos deixando muitas vezes mais ansiosos: quando voltaremos a rotina? Será que estou tomando todos os cuidados possíveis? E a minha família? Como vai ser quando isso acabar?

Um outro ponto é o fato de estarmos em isolamento social (cenário de confinamento), afetando as relações interpessoais de duas formas:

  1. A solidão e saudade de compartilhar afeto;
  2. Convivência forçada com parceiros, roommates, pais (para quem voltou para suas cidades por exemplo).

Neste cenário já delicado, ainda temos de enfrentar o receio de não conseguir produzir ou realizar todas as tarefas do dia a dia.

Redes Sociais e a necessidade de “ser produtivo”

No início da quarentena, disseminou-se na internet a ideia de que era preciso  ocupar o “tempo livre” com atividades altamente produtivas – cozinhar, ler, fazer cursos, aprender a costurar, ficar em forma… Veja bem, embora todas essas ocupações sejam válidas, acreditar que precisamos ou vamos dar conta de tudo isso pode gerar mais frustração do que algo realmente benéfico.

Boa parte das pessoas simplesmente não têm o tempo ou a disposição emocional de se dedicar a tantas atividades em meio às já difíceis tarefas de casa, dos filhos, do trabalho ou simplesmente diante da grande pressão que estamos vivendo.

Seja generoso com você mesmo. Não se cobre tanto. Ninguém precisa ser “sua melhor versão sempre”, em especial durante uma pandemia como a que estamos enfrentando.

As postagens em redes sociais, por diversas vezes, influenciam a vida das pessoas. Seja em perfis de gente famosa ou daquele conhecido da academia ou faculdade. É preciso ter em mente que as publicações são apenas uma parte da vida daquele indivíduo.

Se comparar com um fragmento da vida alheia postado e editado pode ser perigoso. Lembre-se: cada pessoa encara determinada situação de forma diferente.

Por: Doutor Marcel Izar* | Fonte: Blog Nubank
*Médico do Trabalho